sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Obsolescência Programada e a Moralidade do Capitalismo

O documentário “A História Secreta da Obsolescência Programada”, apesar do nome meio besta, é muito interessante. Deixa bem claro que a irracionalidade do consumo é um dos grandes pilares desse capitalismo que temos hoje e mostra o quanto é ridículo dizer que se trata de um sistema eficiente. Como pode ser eficiente se é baseado na própria ineficiência? Sem falar da questão ética, de se produzir coisas propositalmente inúteis e defeituosas. Resumindo:

1) Produtos que deveriam ser duráveis são, na verdade, feitos para estragar após um tempo de uso. Começou com as lâmpadas e hoje essa lógica está em praticamente tudo e é até ensinada nas faculdades ligadas ao mercado como “ciclo da vida útil do produto”.

2) O documentário mostra casos de donos de fábricas de lâmpadas e de tecidos que propositalmente pediram para seus engenheiros e químicos baixarem a qualidade dos produtos para que esses estragassem mais fácil e rapidamente, gerando mais consumo e, portanto, mais vendas.

3) Nos EUA, inclusive, na década de 30, a coisa chegou ao ponto de surgir um projeto de lei para obrigar as empresas a estabelecer um prazo máximo de duração dos produtos, institucionalizando a obsolescência programada. O projeto não passou, mas os cartéis de obsolescência sempre funcionaram a todo o vapor. E se pensarmos bem, a “garantia” dos produtos, com baixíssimos prazos mínimos, acaba fazendo o papel dessa lei: garantir que o consumidor fique desprotegido quando o produto estraga de forma programada.

4) Muito boa a parte sobre a União Soviética, cujo sistema não se baseava no consumo irracional. Lá, os produtos sempre foram feitos para durar e de fato duravam. Muitos duram até hoje. Aliás, a Alemanha Oriental chegou a ter uma lei que impunha que eletrodomésticos deveriam durar 25 anos.

5) Grandes empresas que se vendem como “sustentáveis” ou “verdes” simplesmente depositam seu lixo eletrônico em países pobres da África, como Gana, que está virando um grande lixão do mundo. E os produtos se originam também de países capitalistas que “deram certo”, como os escandinavos, donde se percebe que a coisa não deu tão certo assim.

Conclusão: O capitalismo, ainda que se tire a questão da exploração do trabalho humano, é fundado, em sua essência, no monopólio, no egoísmo, na ineficiência, no engodo e na falta de ética.

Link para o documentário: https://www.youtube.com/watch?v=o0k7UhDpOAo

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