E no tempo em que não estão sendo exploradas no trabalho, são enganadas na igreja e infantilizadas em frente à TV.
É a nossa vidinha: "Está tudo bem, não tem do que reclamar. Além do mais, o mundo lá fora é hostil com quem fica questionando. Muito preferível o meu trabalho, o meu templo e o meu sofá."
Tudo é tido como legítima escolha pessoal. Bobo é quem, talvez por acreditar em um futuro que parece ter nos abandonado, não se entrega às seduções dessa realidade artificial, forjada e projetada para a nossa autocorrosão.
Como se fosse aceitável optar pela passividade de manter a situação do jeito que está. Como se a transformação e a mudança não pertencessem ao nosso tempo. Como se houvesse no curso da história humana algo de predestinado e imutável.
Os poderosos, exploradores, cada vez mais ricos, riem à toa da nossa pouca inteligência e falta de senso crítico, perdido em algum momento longínquo e ainda para ser resgatado. Continuarão extraindo a nossa dignidade, até que saiam as últimas gotas de suor e sangue. Tudo pelo trabalho.
Não ligo de usar clichês e, como o Bob Dylan, prefiro continuar acreditando que a resposta, meu amigo, está soprando ao vento.