terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O povo é culpado pela crise financeira?

Impressionante como frequentemente surgem pessoas jogando a culpa pela crise internacional no povo dos países desenvolvidos assolados. Como se o cidadão comum fossem o vilão da história, pois teria tomado empréstimos de forma impensada, de modo a endividar-se além da conta. Dolosamente, então, teria deixado de honrar seus credores, arruinando toda a cadeia financeira.

Esses críticos não mencionam que foram as instituições bancárias e financeiras, apoiadas por diversas consultorias, que inventaram perniciosas fórmulas mágicas de gerar dinheiro que só existia no mundo da imaginação. Desse modo, inflou-se uma bolha de especulação que uma hora ou outra iria estourar. O trabalhador via nesses negócios da china, financiamentos milagrosamente longos e baratos, a única alternativa de aumentar sua capacidade de consumir coisas grandes, como casas e carros. E nada há de errado nisso, pois não era possível para eles saber que estavam entrando em uma arapuca, sendo apenas mais uma engrenagem no desvario financeiro que, iniciado o desmoronamento do castelo de areia, quebraria sistemas bancários e países inteiros.

Então, por favor, não me venham com essa de culpar a população dos países desenvolvidos, pois os verdadeiros culpados pela crise foram os bancos de investimento, agências de classificação de risco e instituições financeiras de todas as sortes, além do "me engana que eu gosto" dos governos de plantão.

E também evitem jogar a culpa na Grécia ou em Portugal, que teriam se endividado demais e agora não conseguem pagar a conta. Vale o mesmo raciocínio colocado acima. Quem emprestou deveria ter calculado os riscos de inadimplemento, e não inventado fórmulas escusas para esconder os altos riscos.

Agora, os governos vêm com esses "planos de austeridade", de modo a absolver os verdadeiros culpados, que continuam a enriquecer cada vez mais, e jogar os esforços para consertar o enorme estrago exclusivamente nos ombros do povo, do trabalhador.

Triste e míope mundo: globalizado e neoliberal, onde tanta informação sisma em não atingir a consciência.

Vida longa ao "Occupy"!

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