1. Não há lei proibindo o uso das sacolas plásticas. Há apenas um convênio entre os supermercados e os governos do Município e do Estado de São Paulo para substituir as sacolas gratuitas pelas oxi-biodegradáveis, que custarão até R$ 0,19 por unidade.
2. As sacolas plásticas nunca foram gratuitas, assim como não existe almoço grátis. O preço delas está embutido no preço dos produtos que compramos. A partir de agora elas vão ser vendidas, na versão oxi-biodegradável, a no máximo 20 centavos. Quem não quiser pagar, leva de casa, como antigamente, sua sacola, caixa de papelão, carrinho de feira ou seja lá o que for. Assim, o preço dos produtos tenderá a diminuir, já que o custo das sacolas será bancado apenas pelo consumidor que optou por comprá-las, e não mais transmitido a todos.
3. Agora, o principal: As sacolas plásticas causam sério dano ambiental. Cada sacolinha demora pelo menos 200 anos para se decompor, enquanto as oxi-biodegradáveis demoram apenas 18 meses. E no mundo são produzidas 500 bilhões por ano. Além disso, quando se embala lixo com elas, impede-se que resíduos biodegradáveis, como restos de comida, se decomponham rapidamente. Aliás, o impacto ambiental dos sacos de lixo comuns é muito menor do que o das sacolas plásticas, uma vez que aqueles são produzidos com material reciclado, e essas não. Assim, apesar de serem responsáveis apenas por 4% da massa do lixo produzido, as sacolinhas fazem o volume de lixo aumentar em 20%, exigindo aterros muito maiores, o que consome dinheiro público que seria muito melhor usado em outras áreas. Tudo sem contar que devido à alta maleabilidade, elas contribuem fortemente para entupir bueiros e causar enchentes (que afetam predominantemente os mais pobres), e, nas áreas verdes, matam animais por asfixia ou por terem as ingerido.
4. A ideia de abolir as sacolas plásticas não é apenas brasileira, mas uma tendência mundial, desde a pobre Ruanda, até os poderosos Estados Unidos, China e França. A Irlanda, por exemplo, praticamente extinguiu as sacolas plásticas criando em 2002 imposto de 22 centavos de euro sobre o uso de cada sacolinha. E não consta que algum irlandês tenha morrido por isso. Na Suécia, Dinamarca e Alemanha, há leis de restrição ao uso dessas sacolas desde o início da década de 90. Ou seja, na verdade, estamos atrasadíssimos.
5. Dizer que os produtores de sacolas plásticas estão comemorando, pois elas serão vendidas, é um engano terrível. O Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado de São Paulo, por exemplo, está questionando na Justiça a restrição ao uso dessas sacolas. O Sindicato dos Químicos e Plásticos de São Paulo organizou protesto contra o convênio. Quem quiser pode entrar no site da Associação Brasileira de Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis [www.abief.com.br] e perceber que há uma gritaria generalizada contra essas medidas de restrição às sacolas plásticas.
Em toda mudança, alguém ganha e alguém perde. Parece que nesse caso, quem aparentemente ganhou foram os supermercados, que não mais gastarão com as sacolas plásticas, e não os fabricantes, que produzirão menos e já falam até em demissões e falência. Porém, com a concorrência, esse ganho será transmitido ao consumidor que, levando sua própria sacola ecológica de casa ou utilizando caixas de papelão, não comprar as sacolas plásticas biodegradáveis.
Assim – não querendo ser mais um eco-chato, mas concordando um pouco com eles nesse ponto – penso que o único direito nosso que está sendo restringido é o de poluir e degradar o meio-ambiente. Nossos netos agradecem.
Fontes principais:
http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia.php?id=90040
http://www.jornalcomunicacao.ufpr.br/node/5872
http://viajeaqui.abril.com.br/materias/luta-contra-as-sacolas-plasticas-e-mundial
http://www.abief.com.br/index.php
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/22347-sacolinha-vazia.shtml
http://www.vocesab.org.br/utilidades/sacos_plasticos.pdf
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