quinta-feira, 30 de abril de 2015

O nada que somos

No Século XVI, Giordano Bruno dizia, para quem quisesse ouvir, que a Terra não era o centro do Universo e que, além disso, o próprio Universo era infinito. Obviamente, foi queimado vivo pela Igreja, aquela mesma do "amor ao próximo".

Hoje se sabe que o ser humano é uma espécie dentre milhões de espécies na Terra, que a Terra é um planeta de diversos outros planetas do Sistema Solar, que o Sistema Solar é um Sistema Estelar dentre bilhões de outros Sistemas Estelares da galáxia, que a nossa galáxia é uma galáxia dentre bilhões de outras galáxias do Universo, e ainda cogita-se a hipótese de que nosso Universo seja apenas um dentre infinitos Universos do Multiverso. Nós, humanos, assim como qualquer outra coisa no planeta, somos feitos de poeira cósmica que restou de alguma estrela morta (Supernova), reciclada num Berço de Estrelas qualquer da Via Láctea. A própria vida é um acaso rarissimo, quase impossível, mas considerando a imensidão do Cosmos, ninguém deveria se espantar com a existência de muitas e muitas formas de vida Terra afora. Além disso, só existimos por causa de um acidente cósmico, que por alguns centímetros não deixou de acontecer, e levou a um choque de asteróides que resultou na queda do meteoro que extinguiu os dinossauros.

Ou seja, a rigor, a gente, arredondando bem, não é NADA. Cada um de nós é um nada cósmico. A espécie humana não é nada. A Terra, o sistema solar e até mesmo a nossa galáxia, tudo isso é nada. Nadinha. Menos que poeira. Isso não é uma diminuição de nós mesmos, é apenas a colocação de tudo sob uma perspectiva diferente do nosso habitual egocentrismo, servindo, inclusive, para valorizarmos a nossa existência e a possibilidade de compreensão sobre tudo isso.

E essa ideia da nossa insignificância continua, ainda, sendo altamente subversiva. Pouca coisa mudou na mentalidade terráquea desde Giordano Bruno. Se as instituições fossem fracas e absolutas como naquela época, afirmar tudo isso certamente ainda levaria a severas punições.

Por essas e outras eu sou ateu e cético. Não só por simplesmente não conseguir acreditar em nenhum tipo de divindade ou sobrenatural, mas por achar que essa visão realista e científica de mundo é, de longe, muito mais mágica e maravilhosa do que qualquer religião jamais ousou forjar. E o melhor: não leva ninguém a virar carvão em praça pública.

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