sábado, 31 de dezembro de 2011

Texto do Estadão - Aprender ou passar no vestibular?

Recomendo fortemente a leitura deste artigo do Estadão sobre o que a nossa sociedade hoje espera da escola.
Aprender ou passar no vestibular?

O texto não deixa de ser um tapa na cara de quem joga exclusivamente nas costas da escola o dever de educar o filho e acha que passar no vestibular ou ter diploma é sinônimo de saber alguma coisa. 


Tomo a liberdade de citar o seguinte trecho:
"O típico adulto moderno dá prioridade ao cultivo de seu próprio sucesso, numa rotina, no mais das vezes, intelectualmente improdutiva. Mais fácil é não se envolver na formação intelectual dos filhos, não ler para eles sobre a História do homem, não explicar por que a Terra é redonda, o que são as estrelas, a origem da vida, a evolução e as diferenças das espécies, não ensinar a brincar com números (no lugar de videogames, que mantêm a criança abobalhada), não despertar logo cedo o interesse pelo conhecimento, a curiosidade pelas coisas da natureza.
Mais conveniente é terceirizar por completo a educação, entregar as crianças à escola e esperar que voltem com um diploma, que não diz que o filho se tornou uma pessoa instruída, mas apenas que os pais cumpriram o seu dever segundo a convenção dos nossos tempos. Para o filho pouco serve aquele canudo, senão, talvez, para arrumar um emprego. Para o pai o diploma do filho é uma sentença absolutória da negligência intelectual a que abandonou a cria.
Formam-se legiões de burros, rasos, ignorantes, imaturos com diplomas (muitos com boas notas!). Pessoas destituídas da oportunidade de desenvolver seus talentos individuais. Enlatadas, padronizadas, comoditizadas. Dirão os pais que bem preparadas para competir no mundo moderno, mas, na verdade, aleijadas de suas competências subjetivas e jogadas para competir na mediocridade a que foram rebaixadas."

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Natal de um ateu


O ateísmo é simplesmente a descrença em toda e qualquer entidade religiosa. Entretanto, muitos pensam que a postura ateia é a negação de qualquer tipo de influência das religiões na vida das pessoas. Acham, pois, que os descrentes não podem ou não devem participar das festividades nem tampouco aproveitar os feriados religiosos, como o Natal e a Páscoa. Há, porém, alguns defeitos sérios nesse raciocínio.

Primeiramente, somos todos, feliz ou infelizmente, sobretudo em um país de absoluto predomínio do cristianismo, imersos na cultura fundada pelos cristãos. É impossível querer se livrar de algo que está profundamente enraizado no pensamento e nas atitudes de um povo. O modo de vida católico-cristão está cravado no DNA de todo o ocidente, com ênfase especial no Brasil, um dos países mais religiosos do mundo.

No calendário não poderia ser diferente. Começando pelo Carnaval, passando pela Páscoa, Paixão de Cristo, Corpus Christi e Nossa Senhora Aparecida, até chegar ao Natal, percebemos que essas datas não são mais, se é que um dia foram, meras datas comemorativas dos cristãos, mas parte da nossa tradição. Ateus, agnósticos, panteístas, deístas, budistas, xintoístas, até mesmo judeus, todos estamos submersos nesse caldo cultural.

Em segundo lugar, dizer que os ateus não podem aproveitar o Natal é deveras injusto. Se assim fosse, somente os patriotas convictos e praticantes poderiam aproveitar o 21 de abril, o 7 de setembro e o 15 de novembro; apenas os trabalhadores se beneficiariam do 1º de maio; o dia de finados aproveitaria só os cristãos que têm ente querido falecido.

Os não cristãos deveriam, ainda, para evitar qualquer contato com a religião predominante, mudar-se de estados como São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo, ou de cidades como Salvador, São Carlos, Aparecida, Santos, etc. Não poderiam, também, se estabelecer em bairros como Sé, Paraíso ou Santa Cruz e nunca passar por ruas como a Santa Ifigênia, São Luis ou Consolação.

Não. Esse jogo tardio de esconde-esconde não faz nenhum sentido. Pessoas de bom senso devem aceitar a crença e a descrença dos outros, bem como entender a origem histórica da própria cultura. Hoje o Estado é laico e, por isso, é contra a lei e a Constituição o estabelecimento de comunicação privilegiada entre ele e qualquer religião. Mas nem sempre foi desse jeito, e nosso povo nasceu e cresceu na época em que não era assim. Querer negar essa parte de nossa cultura é uma batalha totalmente ingrata, a velha luta contra moinhos de vento.

Especificamente a respeito do Natal, alguém já viu alguma criança ficar ansiosa para a "noite feliz" a fim de simplesmente comemorar o nascimento do Menino Jesus? O que elas querem mesmo, tendo aprendido direitinho com os adultos, são os brinquedos novos!

Aliás, a tradição de trocar presentes, que me parece uma excelente jogada de marketing, veio dos pagãos saturninos, adoradores de Saturno, que davam presentes uns aos outros (e também faziam longas e calorosas orgias) entre 17 a 23 de dezembro de cada ano, tradição que foi incorporada e modificada pelo cristianismo como estratégia para não conflitar com aqueles pagãos e espalhar mais facilmente a crença no deus Javé. As orgias foram eliminadas e a data foi empurrada para o solstício de inverno, em 25 de dezembro, data mítica e festiva para vários povos da antiguidade.

É bom lembrar também que a própria imagem do Papai Noel, que hoje satisfaz tanto crianças como adultos, nada tem a ver com as mensagens de caridade, perdão e arrependimento que o cristianismo visava a promover. Pelo contrário, a finalidade é promover o consumismo, uma das bases para a exclusão social.


E o que dizer, ainda, do nosso famoso Carnaval, que virou desculpa para as pessoas suspenderem por quatro ou cinco dias o próprio pudor, não poupando nem as crianças, que já desde logo são moldadas para o “liberou geral” que as aguarda ansiosamente?

Para uma enorme parcela das pessoas, mesmo as religiosas, a data é simplesmente – por tradição, e não por religião – um momento de reunir a família, trocar presentes e dizer o quanto somos importantes uns para os outros. Nesse sentido, pessoalmente, o meu Natal, apesar de eu ser ateu, é igual ao de todo mundo, exceto na hora protocolar e formal do “Pai Nosso”, quando eu, mais do que todo mundo, me espanto em lembrar qual era para ser o sentido daquilo tudo.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Os 7 pecados capitais do povo brasileiro

Listei abaixo o que considero ser o conjunto dos pecados mais graves que o brasileiro comete. Já aviso que a linguagem é propositalmente generalizante, para dar mais ênfase ao que pretendo transmitir. Sei que há muita gente que não comete muitas das atitudes colocadas. Essa entidade que eu chamo de “povo” não deve ser entendida como “todos os brasileiros”, portanto. As atitudes que classifico como “pecados” são a expressão do que, apesar de pernicioso, é aceito como normal pelas pessoas em geral, fazendo parte de uma consciência coletiva, do modo de pensar e agir do cidadão brasileiro. Eu mesmo cometo alguns dele, o que não me impede de fazer essa autocrítica, sempre construtiva. Se ofendi alguém, dane-se, já que o intuito é fomentar a reflexão e discussão. rs


1. Passividade
Esse talvez é o pecado maior, pois é aquele que de fato impede o Brasil de deslanchar. O povo, infelizmente, aceita tudo. Aceitou, inclusive, como se fosse maravilhoso, que Brasília fosse construída no meio do nada. Com isso, o cidadão foi afastado dos seus representantes, sendo impedida a formação de consciência política sólida, que de fato pudesse influenciar o rumo dos governos. Aceita, diariamente, os escândalos políticos que vêem a público, elegendo e reelegendo os seus protagonistas. Vota no Tiririca como forma de protesto. Elege Romário, Clodovil, Netinho, etc. achando que eles têm algo a contribuir para a política nacional. Só não aceita as besteiras que os humoristas falam, pois dão mais valor a elas do que aos atos imorais dos políticos que escolhem. Tratam as coisas públicas como se fosse de um ente abstrato chamado “governo” e não como se fosse algo de todos, inclusive dele mesmo, dos seus amigos, parentes, filhos e netos. E os mais realistas e críticos são, ironicamente, criticados(!) por seu suposto pessimismo...

2. Intolerância. 
Infelizmente , o povo não respeita quem pensa diferente. Quem não é cristão, por exemplo, é quase um monstro. Quem não gosta de sertanejo é “do contra”. Quem acha que está sendo explorado pela empresa é vagabundo, fraco ou mal agradecido. Quem é rico (exceto os jogadores de futebol) só pode ser ladrão! Quem não bebe é quadrado, sem graça e não se diverte. Não se respeitam os homossexuais, que não podem ter uma vida normal, estando, quando em público, sempre acuados por medo da ignorância e intolerância alheia. Ainda há racismo, que expressa de forma nítida no recrutamento de empregados(as). Ainda há machismo, como se vê nas mais diversas peças publicitárias e programas de TV.

3. Egoísmo. 
O povo não pensa nos outros. As pessoas não respeitam aqueles que se encontram em situação de maior fragilidade, e isso fica bem claro no trânsito e nos meios de transporte público. O pedestre, por exemplo, é um herói pelo simples fato de chegar em casa vivo. Mesmo com leis e campanhas de respeito aos transeuntes, os motoristas os vêem como obstáculos no caminho. É comum ver idosos, gestantes e deficientes indo em pé nos transportes públicos enquanto algum jovem marmanjo está confortavelmente sentado. As cidades são sujas, pois se tem o costume de jogar lixo de todas as espécies na rua e, não raro, justifica-se a atitude por se estar dando empregos para os garis. Que batam o carro no poste ou se joguem na frente de um caminhão a fim de dar emprego para o mecânico, o corretor de seguros, o médico e, com sorte, para o coveiro!

4. Futilidade. 
Cultura aqui é só futebol e carnaval. No carnaval e pelo futebol pode tudo. Não se vê nada que preste na TV aberta, única fonte de lazer de enorme fatia da população. Prefere-se sempre as obscenidades e futilidades das novelas e programas de auditório do que um bom programa da TV Cultura ou um livro. “Todo mundo assiste ao BBB, você também deveria assistir para ter assunto!”, é comum ouvir. O povo só considera normal gostar de músicas nacionais, que falam sempre do mesmo tema, sem qualquer teor realmente poético ou crítico. É chique, esnobe ou grosseiro gostar de música boa. Jornal? Só importa o caderno de futebol, o horóscopo e, talvez, a coluna social, que nos conta sobre a vida sexual dos artistas e dos ex-BBBs. Livros? Só autoajuda, por favor.

5. Pensamento religioso acrítico
O povo acha que pessoas religiosas são automaticamente éticas, e, pior, que pessoas não religiosas são más. Diz-se que o Estado não deveria mesmo ser laico, mas que tal, então, adotar o islamismo como religião obrigatória e oficial? O problema não está em ser religioso, mas em querer impor o seu modo de vida aos outros. Parece esperar que a solução dos problemas venham do céu, como se não fossem parte do processo histórico que a cada dia construímos.

6. Alienação quanto aos próprios direitos
O povo parece lutar contra direitos arduamente conquistado pelos seus antecessores. Mordem a isca do discurso neoliberal. Manifestantes são baderneiros ou vagabundos. O trabalhador que processa a empresa que não cumpriu devidamente seus deveres é tido como ingrato. Há uma cultura de rejeição ao direito de greve e aos sindicatos. Basta alguém defendê-los em relação a determinados setores, especialmente se na área pública, para surgirem pessoas das mais diversas estirpes dizendo que a greve não deve existir, que tem que demitir quem faz greve, que é indisciplina do empregado, que se não está satisfeito com o trabalho que procure outro e etc. Não conhecem a própria história, nem o direito, nem as estatísticas, nem a geopolítica e nem, ao que parece, um palmo a frente do nariz.

7. Contradição. 
Muitas são as contradições, nítidas a olhos atentos. As pessoas são contra a corrupção, mas, na primeira oportunidade, tentam subornar guardas de trânsito e compram eletrônicos piratas, roupas e as mais diversas quinquilharias de procedência duvidosa. Acham que funcionário público ganha até demais, mas exigem serviços públicos de qualidade. Clamam por educação, mas pensam que sustentar os filhos, quando a família tem recursos, para que apenas estudem é um favor, e não um dever. Falam que o salário mínimo é insuficiente, mas não pagam um centavo a mais para sua empregada doméstica. Reclamam do tal “governo”, mas sempre que possível, dão o seu famoso e característico jeitinho brasileiro.

Democracia dos Holofotes

A foto abaixo retrata bem o nosso modo de fazer política. Figuram nela, lado a lado, o ex-jogador Romário, o senhor feudal José Sarney, o humorista Tiririca e o ex-pugilista Popó.

A meu ver, o problema não é só a figura do Sarney, cujo passado e presente não perdem a oportunidade de condenar em todas as instâncias. Aliás, convém deixar claro, penso que a imagem mais perniciosa da foto é justamente a do Senador maranhense, já que os outros três são figuras que, apesar da feiúra, despertam simpatia e não deixam de transmitir certa confiança e honestidade.

Pois bem. Parece que a democracia moderna, como pensada pelos iluministas, está sendo cada vez mais pervertida. A ideia original é que, sendo impossível a participação direta de todos os cidadãos nas políticas do Estado (como acontecia na pólis grega Atenas), a solução seria a escolha pela população de representantes que tomariam as rédeas das decisões, desde as menores até as que realmente definiriam os rumos da nação. Eleger-se-iam pessoas com quem concordamos a respeito do Estado que se quer construir, dos problemas que se quer resolver, das lutas que se quer empreender. Seriam mesmo representantes, pois fariam as nossas vezes nas assembleias onde as decisões são tomadas.

Todavia, o que vemos na foto, pela presença das três simpáticas figuras é que não se estão elegendo representantes do povo, mas pessoas simplesmente conhecidas pelo povo, que nada têm a acrescentar às discussões políticas e ideológicas do país. Afinal, acredito que até por inocência, eles parecem estar orgulhosos de posar ao lado do Sarney! Não que se devam eleger apenas pessoas eruditas, com formação acadêmica brilhante. Mas eleger apenas pela fama e simpatia é temerário e muito preocupante. Parece uma receita infalível para impedir o Brasil de se desenvolver e se transformar em uma potência econômica onde impere a justiça social, como todos nós, otimistas, desejamos.

Claro que é importante eleger pessoas em que se confia. Mas honestidade não pode ser a única qualidade de um político. Todo político, por excelência, tem que ser honesto, ninguém discorda. Mas não honesto. Dentre os honestos, que se escolha o mais qualificado e aquele que pensa e age do modo que nos parece mais correto. Não é nada saudável para a democracia que os cargos políticos mais importantes da República sejam rifados e assumidos pela mera fama ou simpatia dos sujeitos mais populares (que viram iscas de votos para os partidos mais oportunistas, já que pelas regras eleitorais quando um candidato obtém muitos votos, carrega pessoas do mesmo partido com poucos eleitores, devido ao "coeficiente eleitoral”). Esses critérios dos holofotes são grosseiros e preguiçosos. Não há muita diferença entre eles e o “ele rouba, mas faz” ou o “ele me deu uma dentadura na eleição”.

Antes eles do que o Sarney? Concordo. Mas adiciono: Antes pessoas realmente engajadas, com conhecimento, experiência e atuação política e social reconhecida, que defendam suas idéias e valores, do que famosos decadentes buscando uma nova fonte de renda (o nosso dinheiro).

Falta ao brasileiro adquirir consciência da seriedade e das conseqüências que têm suas escolhas. Afinal, o Brasil não é um estádio, um picadeiro ou um ringue. Muito menos um curral.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Pão e circo latino

Quando se fala em pão e circo nos vêm à mente a imagem de Roma Antiga e os célebres confrontos entre gladiadores no Coliseu. Porém, essa realidade não está tão longe de nós, nem no tempo nem no espaço. As antigas arenas de luta deram lugar aos estádios, sambódromos e horários nobres nas TVs.

Seguindo o exemplo do Brasil, que prefere investir em futebol do que em educação, saúde, segurança e demais serviços públicos imprescindíveis ao povo, o governo argentino de Cristina Kirchner já gastou mais de U$ 470 milhões com um programa da Associação Argentina de Futebol. E o povo de lá, o que fez? O mesmo que o brasileiro: tocou um tango argentino, como recomendara Manuel Bandeira.

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/internacional/para-as-massas/?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter 

A farsa da Declaração de 1789

A famosa “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, de 1789, fruto da Revolução Francesa e tida como o marco da transição do absolutismo dos monarcas para o poder do povo, exercido por meio das leis e instituições soberanamente criadas por ele, na verdade foi só uma carta de intenções burguesa altamente excludente.

Os quatro "direitos naturais" enunciados (artigo 2º) foram a liberdade, a propriedade, a segurança e resistência à opressão. (Não, não havia qualquer menção à tal da fraternidade.)
O único direito que a Declaração qualificou como "inviolável e sagrado" foi o da propriedade privada. Além disso, a "igualdade" a que se faz referência é apenas a igualdade civil, de direitos (formal), não atingindo de forma nenhuma o campo social (material).

Sintomático, também, que dois anos depois se aprovou a famigerada Lei Le Chapelier, que proibia, sob pena de multa e prisão, que todos os operários autônomos ou assalariados se dissessem presidentes ou síndicos, tomassem decisões na qualidade de autoridades, mantivessem registros, se associassem com vistas a recusar trabalho ou a só desempenhá-los por determinadas tarifas. Qualquer ajuntamento de artesãos, operários, assalariados, autônomos ou jornaleiros seria dispersado pela força.

Aprendendo com as crianças

O vídeo abaixo, que mostra o primeiro contato de uma criança com um casal de homossexuais, acabou gerando uma discussão no Facebook a respeito da legitimidade ou não que esses casais têm de demonstrar afeto em público. É incrível ver que o menino, de início, estranha um pouco a situação, mas depois aceita completamente o fato de haver “dois maridos”, inclusive, ao final, chamando um deles para jogar ping-pong. A meu ver, é uma forte demonstração de que o preconceito não é natural, mas construído culturalmente. Segue o link:

Menino tem primeiro contato com casal homossexual

Na discussão, alegou-se basicamente que na Bíblia Sagrada não consta nenhuma aprovação a esse tipo de relacionamento e que se os casais homoafetivos querem demonstrar qualquer afinidade, que o façam entre quatro paredes.

Em relação à primeira observação, de fato, talvez, a Bíblia não promova mesmo o homossexualismo. Mas temos que considerar também que o Livro Sagrado dos cristãos em nenhum momento condena o uso de mão de obra escravo, por exemplo, o que não impediu a humanidade de se vir madura o suficiente para não mais aceitar essa crueldade. Também não penso que a Bíblia, como foi afirmado, especialmente o Velho Testamento, seja de fato um bom livro de moralidade, mas isso é assunto para possíveis outras postagens.

Quanto ao “fazer entre quatro paredes pode”, não creio que este seja um argumento relevante, posto que uma atitude não se torna mais ou menos moralmente aceitável por ser feita longe do olhar de terceiros. Assumir o contrário seria como aceitar a corrupção, desde que nunca fosse descoberta.

Parece que há mesmo um preconceito com os homossexuais, somado a uma imensa preguiça de refletir e ensinar as pessoas, desde cedo, a serem tolerantes, a aceitarem aqueles que não pensam e agem como a maioria espera que façam, a respeitarem o ser humano.

Como argumentei na discussão, uma democracia de verdade respeita a minoria, nunca a reprime. Eu, sinceramente, aplaudo em pé os casais de homossexuais que têm coragem de agir normalmente em público, demonstrando o amor que sentem um pelo outro e reafirmando a sua dignidade sem medo do que os intolerantes podem pensar ou fazer. As gerações futuras deverão agradecer a eles parte da maior liberdade e igualdade que ajudaram a conquistar.