O último Globo Repórter, que tive a infelicidade de assistir, fez uma propaganda descarada do individualismo.
O programa se dedicou a mostrar diversos casos de pessoas que nasceram pobres e "venceram" após muito "trabalho duro", "fazendo a própria oportunidade". Uma delas sequer deixa os filhos a ajudarem porque quer "chegar lá" sozinha.
A mensagem é clara: o caminho correto é o cada um por si, não a solidariedade e a luta pela transformação e por direitos. Em suma, o oprimido deve se submeter à opressão e, melhor ainda, assumir a lógica do opressor.
Mas o mais grave é a mensagem implícita, de jogar nos pobres a culpa pela própria pobreza, "fracassados" que são, como se tudo fosse questão de vontade e de esforço. Convenientemente, como qualquer veículo da grande mídia, escondem qualquer análise crítica sobre o porquê do sistema socioeconômico ser tão excludente e fazer dessas exceções tão raras a ponto virarem notícia.
Poderiam aproveitar a oportunidade para educar as pessoas, não emburrecer e embrutecer ainda mais. Mas sem isso a perversidade extrema do nosso capitalismo não sobreviveria, e a própria mídia estaria em risco. Infelizmente, nenhuma novidade.
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