quarta-feira, 2 de maio de 2012

Gira mundo


Os últimos tempos foram para mim de muito aprendizado. Passei por poucas e boas, mas no fim está dando tudo certo. Por isso esse grande sem escrever nada por aqui, já que o tempo me faltava para simplesmente sentar e escrever algo que me ocorria.

A primeira mudança foi relacionada ao meu trabalho. Antes tinha uma rotina tranqüila de trabalho e acabava dando tempo de ler bastante coisa, refletir, pesquisar e escrever.

Porém, fui transferido de setor por decisão unilateral da diretoria à qual pertencia. Algo muito, mas muito, desagradável e revoltante, mas é melhor não comentar mais sobre isso.

O fato é que acabei pegando uma das funções mais pesadas do Tribunal onde trabalho, que é a de balconista. Eu era o cara que atendia os advogados e o público em geral na Vara do Trabalho em que fui lotado. Correria absoluta o dia inteiro, já que os advogados têm o dom de querer olhar justamente os processos que não estão no lugar onde deveriam. Ser a boca e o ouvido de uma vara do trabalho, sobretudo na cidade de São Paulo realmente não é nada fácil. E como não dava para sentar, o pé doía muito. E como não dava para respirar nem suspirar, a alma doía mais ainda.

Apesar de esse negócio de fazer as coisas em velocidade absolutamente acelerada não ser nem de longe o meu perfil, acabei me adaptando com o passar dos dias, tendo, inclusive, recebido vários elogios, tanto dos meu chefes quanto de colegas de trabalho. Senti algum orgulho, já que não deixou de ser uma vitória. Nesse meio tempo, conheci pessoas ótimas, muito boas, com quem faria questão continuar a amizade se o futuro permitisse.

Mas algo realmente bom estava para acontecer. Então veio a segunda mudança. Meu trabalho, pra resumir a história, me “obrigou” a retornar para Campinas. Se isso acontecesse no ano passado, certamente eu iria achar a pior coisa do mundo, já que eu estava na faculdade ainda e eu quis ir de São Paulo exatamente para terminá-la, pois estava sendo absurdamente sacrificante ter que pegar a Bandeirantes todo santo dia e ainda ir para a faculdade toda santa noite. Mas agora, veio a calhar.

Tendo colado grau, nada, ou quase nada, me segurava à capital. E para mim, já estava na hora de sair de lá. Tudo muito caro, muito longe, muito grande, muito lotado, muito trabalhoso, muito triste, algo que não me pertencia mais, se é que um dia chegou a pertencer.

Agora, estou em Campinas. E desta vez muito animado para esse novo começo. Cheguei a criticar fortemente a cidade pela má primeira impressão que tive, pois o transporte público deixa muito a desejar e, além disso, o Tribunal daqui protelou a minha transferência para São Paulo, que à época era urgente, o que contribuiu para que eu pegasse certa birra da cidade.

Porém, nesta nova fase só tenho elogios. Parece estar tudo em ordem e a cidade está me parecendo um bom, se não excelente, lugar para se morar.

O que me alegra é poder estar um pouco mais perto da minha família e da minha namorada (que também é da família. RS)

Além do que, agora estou trabalhando com Direito, mais do que isso, com Direito do Trabalho, que é o que eu realmente quero para mim, pois considero ser o palco central do capitalismo, ponto nevrálgico de onde emergem os mais intensos conflitos sociais. Posso fazer a minha pequena parte para tentar mudar alguma coisa nessa realidade desigual e perversa que se desenrola a cada dia.

Agora estou aqui, escrevendo do mesmo hotel em que há quase dois anos eu fiquei algumas vezes por estar excessivamente cansado, ou para fazer um trabalho da faculdade que não daria tempo de terminar se retornasse à grande selva de pedra devoradora de almas chamada São Paulo.

Hoje  não penso em voltar para São Paulo, mas vai saber se daqui há um tempo não estarei escrevendo mais ou menos o mesmo que disse sobre Campinas a respeito da terra da garoa, da terra da oportunidade?

Gira mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário