Os últimos tempos foram para mim de muito
aprendizado. Passei por poucas e boas, mas no fim está dando tudo certo. Por isso
esse grande sem escrever nada por aqui, já que o tempo me faltava para
simplesmente sentar e escrever algo que me ocorria.
A primeira mudança foi relacionada ao meu trabalho.
Antes tinha uma rotina tranqüila de trabalho e acabava dando tempo de ler
bastante coisa, refletir, pesquisar e escrever.
Porém, fui transferido de setor por decisão unilateral
da diretoria à qual pertencia. Algo muito, mas muito, desagradável e
revoltante, mas é melhor não comentar mais sobre isso.
O fato é que acabei pegando uma das funções
mais pesadas do Tribunal onde trabalho, que é a de balconista. Eu era o cara
que atendia os advogados e o público em geral na Vara do Trabalho em que fui
lotado. Correria absoluta o dia inteiro, já que os advogados têm o dom de
querer olhar justamente os processos que não estão no lugar onde deveriam. Ser a
boca e o ouvido de uma vara do trabalho, sobretudo na cidade de São Paulo
realmente não é nada fácil. E como não dava para sentar, o pé doía muito. E como não dava para respirar nem suspirar, a alma doía mais ainda.
Apesar de esse negócio de fazer as coisas em
velocidade absolutamente acelerada não ser nem de longe o meu perfil, acabei me
adaptando com o passar dos dias, tendo, inclusive, recebido vários elogios, tanto
dos meu chefes quanto de colegas de trabalho. Senti algum orgulho, já que não deixou
de ser uma vitória. Nesse meio tempo, conheci pessoas ótimas, muito boas, com quem faria questão continuar a amizade se o futuro permitisse.
Mas algo realmente bom estava para acontecer. Então veio
a segunda mudança. Meu trabalho, pra resumir a história, me “obrigou” a retornar para
Campinas. Se isso acontecesse no ano passado, certamente eu iria achar a pior
coisa do mundo, já que eu estava na faculdade ainda e eu quis ir de São Paulo
exatamente para terminá-la, pois estava sendo absurdamente sacrificante ter que
pegar a Bandeirantes todo santo dia e ainda ir para a faculdade toda santa
noite. Mas agora, veio a calhar.
Tendo colado grau, nada, ou quase
nada, me segurava à capital. E para mim, já estava na hora de sair de lá. Tudo
muito caro, muito longe, muito grande, muito lotado, muito trabalhoso, muito
triste, algo que não me pertencia mais, se é que um dia chegou a pertencer.
Agora, estou em Campinas. E desta vez muito
animado para esse novo começo. Cheguei a criticar fortemente a cidade pela má
primeira impressão que tive, pois o transporte público deixa muito a desejar e,
além disso, o Tribunal daqui protelou a minha transferência para São Paulo, que
à época era urgente, o que contribuiu para que eu pegasse certa birra da
cidade.
Porém, nesta nova fase só tenho elogios. Parece estar
tudo em ordem e a cidade está me parecendo um bom, se não excelente, lugar para
se morar.
O que me alegra é poder estar um pouco mais
perto da minha família e da minha namorada (que também é da família. RS)
Além do que, agora estou trabalhando com
Direito, mais do que isso, com Direito do Trabalho, que é o que eu realmente
quero para mim, pois considero ser o palco central do capitalismo, ponto nevrálgico de
onde emergem os mais intensos conflitos sociais. Posso fazer a minha pequena
parte para tentar mudar alguma coisa nessa realidade desigual e perversa que se
desenrola a cada dia.
Agora estou aqui, escrevendo do mesmo hotel em que
há quase dois anos eu fiquei algumas vezes por estar excessivamente cansado, ou
para fazer um trabalho da faculdade que não daria tempo de terminar se retornasse
à grande selva de pedra devoradora de almas chamada São Paulo.
Hoje não penso em voltar para São
Paulo, mas vai saber se daqui há um tempo não estarei escrevendo mais ou menos o
mesmo que disse sobre Campinas a respeito da terra da garoa, da terra da oportunidade?
Gira mundo.
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