Disseram que seria um fracasso, que iríamos passar vergonha, que os
estádios não ficariam prontos, que haveria insegurança, arrastões e tumultos
nas ruas, que os aeroportos não funcionariam e que teria caos aéreo, que os
atletas ficariam mal instalados, que uma epidemia de dengue iria estragar a
festa, que o trânsito iria parar as cidades e prejudicar os jogos, que haveria
atentados do PCC, dentre outras previsões sombrias que foram sendo desmentidas
com o tempo. O “imagina na Copa” ficou mesmo só na imaginação.
Problemas pré-Copa de fato existiram. Houve desalojamentos, muitos sem a
devida assistência às famílias por parte dos governos, e mortes de operários
das obras, causadas por negligência, para os quais de fato “não teve Copa”. E
não se esqueça de uma espécie de “estado de exceção” imposto pela autoritária FIFA,
e aceito pelo governo, como condição de realização do evento. Que seja repensada
a forma anti-democrática de realização desse tipo de evento.
Tirando esses pesares, que não devem ser esquecidos, o que se viu foi um
evento que, salvo um ou outro problema de logística normal pela sua magnitude, empolgou
e arrancou elogios do mundo todo. Nosso povo, essa gente bronzeada, soube
mostrar seu valor. “Os brasileiros são o conjunto de almas mais acolhedoras com
que eu já me deparei”, disse o jornalista do Wall Street Journal. Quem veio quer voltar. Quem
podia e não veio, tal como quem estava aqui e não aproveitou, arrepende-se até
o último fio de cabelo.
A eliminação traumática da seleção brasileira fica como um detalhe
triste, desses que nos farão perguntar "por que" ainda por um bom
tempo. Mas futebol é esporte, e esporte tem dessas. Levanta, sacode a poeira e
dá a volta por cima. (Aliás, antes tomar essas duas surras e ficar entre as
quatro melhores seleções do mundo do que fazer uma campanha igual à da Espanha ou
de Portugal, ambas que também tomaram goleadas e sequer passaram para a segunda
fase.)
A maioria das coisas que realmente deram errado foram relacionadas à
FIFA, desde a fraca apresentação de abertura, os horários de alguns jogos com
sol a pino, as porcarias de árbitros, a limitação aos ingressos populares, até
a máfia dos ingressos clandestinos, que acabou desbaratada e presa. A torcida xingou
a Presidenta e chegou a vaiar o hino do time adversário, mas, no geral, torceu
como se deve. As polícias, truculentas e arbitrárias, mais uma vez deixaram
claro que não sabem lidar com manifestantes.
O que se passou diante dos nossos olhos foi mesmo a Copa das Copas,
dentro e fora de campo. Que não percamos a oportunidade de refletir sobre a
exclusão social evidenciada por esse mega evento, inerente a qualquer
empreendimento capitalista. Mas também sejamos justos: Se desse tudo errado,
como torciam os pessimistas, todos iriam afoitos colocar a culpa no Lula e na
Dilma; como deu tudo certo, que eles dividam, sim, com nosso povo, os louros e
méritos dessa vitória que trouxeram para o país, mostrando a todos que somos competentes
e agimos como gente grande quando há, além do nosso gingado característico, planejamento,
organização e empenho. O país está mais rico agora, não só pelas dezenas de
bilhões de reais que a Copa gerou, mas porque nos colocamos à prova e passamos
no teste com louvor.
Imagina nas
Olimpíadas!